Um dos projetos mais lindos e comoventes que já conheci na vida é o da Fundação de Animais Selvagens de David Sheldrick, localizada no Quênia, para o salvamento de elefantes (principalmente) e de outros animais selvagens cujo o destino se cruzem com os "anjos" que trabalham nessa entidade.
Fundada em 1977, pela Dra. Dame Daphne Sheldrick, em homenagem a seu falecido marido, David Sheldrick, que foi um dos responsáveis pela construção e o guardião do Parque Nacional de Tsavo, no Quênia.
Daphne Sheldrick, atualmente com 82 anos de idade, dedicou sua vida a salvar elefantes órfãos, que perderam suas mães mortas nas mãos de caçadores ou que sofreram algum tipo de acidente que ocasionou que o bebê elefante se perdesse de sua manada. No início de seu trabalho a Dra. Sheldrick não sabia como alimentá-los, pois eram dependentes de leite e nenhum tipo de alimento conseguia manter os bebês elefantes vivos. Mas ao longo de suas pesquisas, descobriu uma fórmula de leite, que mistura leite de côco e algumas polivitaminas, que foi um sucesso para a recuperação dos elefantinhos órfãos.
A fundação Sheldrick possui uma enfermaria/orfanato, localizada ao lado do Parque Nacional de Nairóbi, outras unidades em Ithumba e Voi, ambas no Parque de Tsavo e na floresta de Kibwezi . A entidade possui equipes de salvamento para os animais, com helicóptero, avião de pequeno porte e camionetes que fazem o patrulhamento das áreas onde os elefantes vivem no Quênia, a fim de evitar que caçadores matem os animais para a retirada do marfim. Durante essas patrulhas, alguns animais são encontrados feridos ou em situação de verdeiro risco. Então a patrulha entra em campo para socorrer o animal ferido ou resgatar aqueles que estão, além de feridos, em situação de vulnerabilidade. Quando os bebês são encontrados sozinhos, sem suas mães e muitas vezes seriamente feridos e desnutridos, são levados para a enfermaria localizada em Nairóbi. Lá o bebê será tratado, alimentado e passará pelo menos 3 anos de sua vida para começar a se socializar com os demais bebês e a natureza. Após esse período na enfermaria, os elefantinhos são transferidos para uma das demais unidades da fundação, a fim de começar, aos poucos , o processo de re-introdução à vida selvagem. Nessas unidades o pequeno elefante poderá passar até cerca de 10 anos, para estar totalmente habilitado a voltar à vida selvagem, e isso o próprio elefante decidirá, quando se sentir a vontade para partir. Mesmo retornando a vida selvagem, é muito comum que o elefante volte sempre para visitar sua família humana ( seus cuidadores são considerados sua família), pois os elefantes realmente nunca esquecem uma bondade ou uma maldade recebida. Mais comum ainda é que as fêmeas, salvas pela fundação, voltem com suas manadas selvagens para darem a luz junto de seus cuidadores, pois se sentem a salvo ao lado deles. Essas fêmeas muitas vezes caminham centenas de quilômetros, para voltarem para a sua família humana.
O trabalho dessa entidade é tão sério que os cuidadores são realmente anjos na terra, pois eles chegam a dormir ao lado dos bebês, em suas baias, porque os bebês elefantes são muito sensíveis, muitas vezes sonham que estão sozinhos e abandonados e entram em profunda depressão, que pode ocasionar muitas vezes a morte do Animal! Daphne Sheldrick fez essa descoberta porque ela era muito apegada a uma elefantinha bebê e vice-versa, porém , ela precisou viajar por 4 dias para o casamento de sua filha e, quando voltou, a bebezinha tinha morrido de tristeza, pois pensou ter sido abandonada por Daphne. Por isso a senhora Sheldrick organizou esse sistema de que cada bebê tem seu próprio cuidador, mas que faz rodízio com outros cuidadores, para que os bebês não sofram em uma possível ausência de seu cuidador.
Além de salvar elefantes, a David Sheldrick Trust também resgata animais de outras espécies, como rinocerontes, girafas, porcos do mato e até mesmo avestruzes .
Atualmente a filha do casal Sheldrick, Angela, é a pessoa responsável por toda a coordenação desse lindo projeto, mantido exclusivamente com a ajuda de doadores e patrocinadores independentes, devido à idade avançada de sua mãe.
É possível visitar a enfermaria de bebês em Nairóbi e adotar um elefantinho. Com apenas 50 dólares por ano se adota um bebê elefante e pode-se ajudar a esse maravilhoso projeto. As visitas à enfermaria ocorrem diariamente de 11 as 12, impreterivelmente. É um passeio maravilhoso e educativo para quem tiver a oportunidade de levar seus filhos ao local.
Essa é a página deles : https://www.sheldrickwildlifetrust.org/index.asp
Seja você também um "pai adotivo" para um elefantinho, mais de 30 mil elefantes morrem na Àfrica por ano por causa do marfim! Não compre nada de marfim, não coopere com a morte desses animais inocentes! O trabalho dessa fundação é de extrema importância para a preservação dessa espécie, o elefante africano.
Placa na entrada
Bebês tomando seu leitinho nessas mamadeiras durante o horário de visitação para o público.
Cada elefantinho consome cerca de 25 litros de leite por dia
Após a visita do público, os elefantinhos voltam para o Parque Nacional de Nairóbi, sempre em companhia de seus cuidadores.
Esse é Alamaya, o meu elefantinho adotado, e seu cuidador. Alamaya foi encontrado sozinho, em um buraco, atacado por hienas, que comeram seu rabo e órgãos genitais.
Esse era Simotua, elefantinho também adotado por minha família, morreu recentemente (não resistiu aos ferimentos internos), foi encontrado com graves ferimentos em uma pata e com esse buraco na testa, ocasionado por uma flecha envenenada que caçadores lançaram contra ele.
Os elefantinhos de menor idade dormem sempre com cobertores para tentar aplacar a falta do calor materno. A cama beliche ao lado é onde dorme seu cuidador todas as noites.
Essas são as irmãs Pea e Pod, avestruzes encontradas ainda bebê ao lado de um elefantinho ferido. Elas estão em processo para voltarem a natureza, mas ainda tem muitas dificuldades, pois não querem se separar dos elefantes, elas se acham parte da manada dos bebês elefantes.
Esse é um dos porcos do mato que vivem calmamente ao lado dos elefantes
Depois de passarem o dia no Parque Nacional de Nairóbi, os elefantinhos voltam para suas baias para o merecido soninho reparador.
Baias dos elefantinhos
Esse é Kiko, um bebê girafa encontrado sozinho, a ponto de ser atacado por leões no Parque Nacional de Nairóbi e salvo pelos anjos cuidadores dos elefantes. Ele ficará com os bebês elefantes até estar pronto para voltar à natureza.
Esse é Maxwell, um rinoceronte cego de nascença que foi rejeitado por sua mãe, Viverá toda a sua vida sob os cuidados da fundação, não tem condições de voltar à natureza. É muito amado e respeitado por todos.